O Médico que Existe em Cada Um de Nós
O MÉDICO QUE EXISTE EM CADA UM DE NÓS
Quem nunca foi a um benzedor, ou entrou em uma igreja vazia para orar, pediu conselhos para um amigo ou, dependendo do caso, até mesmo falou com um desconhecido quando em desespero por causa de algum problema?
Não estou dizendo que pedir ajuda a um amigo, ou ir a um benzedor, curandeiro, ou entrar em uma igreja não seja correto; cada um de nós sabe onde o sapato aperta e buscar ajuda sempre será um ato de amor próprio. Bem, o que quero dizer é que se aprendermos a nos ouvir e reconhecer os nossos sentimentos, poderemos nos relacionar com nossa inteligência emocional em todas as áreas da nossa vida, aprendendo com cada desafio do nosso cotidiano, sabendo como cada ferramenta ou pessoa pode contribuir para a nossa transformação e aprendizado pessoal; desta maneira não precisaremos mais de um sapateiro para ficar ajustando o nosso sapato.
Inspirado no livro O médico que existe em cada um de nós escrito por Gladys Taylor McGarey e Jess Stearn, este artigo busca uma reflexão sobre o nosso poder interior, latente em nossa natureza de Homo sapiens, porém adormecido pela pouca importância que damos a nós mesmos.
O objetivo não é nos tornarmos autossuficientes a ponto de não precisarmos de ninguém; pelo contrário, o objetivo é: como poderemos entrar em contato com esta força em nós?
A impermanência é algo natural em nossas vidas, tudo muda a todo instante; entretanto, entretidos com nossas “necessidades” cotidianas, não nos damos conta que a vida esta seguindo seu curso naturalmente com toda magnitude e leveza, e nós, desconectados do curso natural e cíclico da vida (onde tudo é impermanência, transformação e renovação), sofremos com os nossos apegos, com o nosso ego, com a nossa inflexibilidade e falta de compreensão diante da nossa vida.
Tornamo-nos seres humanos intolerantes, repletos de medos, dúvidas, inseguranças e do mesmo modo nos relacionamos também com nossos familiares, amigos, colegas de trabalho, em tudo. Movidos por estes sentimentos aos quais mascaramos com o nosso ego, criamos uma pessoa forte, implacável, madura, fruto de um ser humano dono de si e responsável; simplesmente nos enganamos e enganamos aos outros; e, para quê?
A Dra. Gladys Taylor McGarey, médica pioneira por seu trabalho em medicina holística integrativa, descreve em seu livro o longo caminho que todo ser humano necessita percorrer para abraçar sua essência interior, desfazendo-se do ego, desconstruindo-o e o abandonando através de histórias reais relatadas pelos seus pacientes.
Um dos casos que ela relatou era sobre um pai de família que se preocupava muito em manter o bem-estar dos seus e para isso trabalhava incessantemente, até que um dia simplesmente morreu deixando os seus, inclusive os mais velhos de sua família, com a qual ele tanto se preocupava. Este homem não vivia nem um pouco para si.
Relata outro caso interessante que nos permite uma reflexão sobre como curar a si próprio entrando em contado com o nosso médico interior, curandeiro, essência Divina, nosso Eu Sou, subconsciente, inconsciente; enfim, são muitos os nomes que baseados em nossas crenças podemos dar para esta força interior. É sobre Bonnie, uma jovem da Universidade da Califórnia que, mal havia completado os seus trinta anos, certa vez dando aula sentiu uma forte dor em seu braço esquerdo e logo após veio o diagnóstico de câncer (Linfoma de Hodgkin). Uma batalha incessante pela vida iniciou-se com o diagnóstico; inúmeras sessões de quimioterapia, radioterapia foram feitas. E depois de tantos procedimentos agressivos ela recebeu a noticia que o câncer poderia voltar em dois anos: ainda havia chance de recorrência. Tal notícia a abalou profundamente; depois de tudo que ela havia passado, seu drama ainda não tinha terminado.
JÉSICA MORAIS
Então, em uma noite, durante um jantar, com um amigo da família, este comentou sobre o hospital holístico no Arizona da Dra. Mcgarey, no qual se fazia uso de diferentes métodos para recuperação da saúde (terapia de biofeedback, massagem, lavagem intestinal, meditação, dieta, compressa com óleo de Castor, arteterapia). De muitos tratamentos alternativos pelos quais já passara, estes seriam mais um para ela. Mesmo assim, juntamente com seus pais, ela seguiu viagem para o Arizona, dando inicio ao tratamento no hospital holístico da Dra. Mcgarey.
Para Bonnie, assim como para muitos que ficavam no hospital da Dra. Mcgarey, o trabalho era de reintegração do ser, reaprendendo a reconhecer-se em si próprio, tomando conhecimento das suas reais vontades, personalidades, crenças limitantes. Ocorreu a desconstrução daquilo que a afastava de sua verdadeira essência e a construção, com amor próprio e autorresponsabilidade, daquilo que de fato lhe fazia bem.
Uma das terapias favoritas de Bonnie era a arteterapia porque, antes de se formar em medicina, ela cogitara seguir a carreira das artes pois amava pintar; no instituto holístico, ela pintou vários autorretratos, onde ela se via completamente saudável.
A autorresponsabilidade é algo primordial para o inicio da autocura. É fundamental reconhecer em nós que todas as nossas ações geram os resultados de quem somos agora, de onde estamos agora e de como estamos vivendo nossa vida no agora; nos diz muito a respeito de nossas dificuldades e/ou satisfações com a nossa vida.
Como a Dra. Mcgarey costumava dizer: “Mantenha sua vida equilibrada”. Continuando esta premissa eu diria: como seres humanos multidimensionais, o olhar para dentro de nós se faz indispensável para percepção do ser integral que somos; busquemos este olhar com sinceridade, amorosidade e sem julgamentos, permitindo-nos ser criadores consciente de nossa própria realidade, nos tornando curadores de nossas dificuldades, libertando-nos do medo da infelicidade, do insucesso, da não-autorrealização e, consequentemente, nos permitindo entrar em contato com nossa força interior.
A mensagem é simples, o caminho é longo e possível e está acontecendo agora em sua vida. Não há nenhuma razão que o impeça de fazer as pazes com você mesmo realizando as mudanças necessárias para o seu aprimoramento e autorrealização.
Bonnie se curou plenamente do câncer, resgatou sua autoestima, permitiu-se um olhar multidimensional sobre si, reintegrando todas as partes fragmentadas do seu ser. Como podemos perceber, os dois casos permitem-nos refletir sobre o quão é importante a forma como encaramos os acontecimentos da nossa vida, daí a necessidade de refletirmos melhor sobre nossas ações e pensamentos nos perguntando: “Meu pensamento diante desta situação me traz tranquilidade e respostas positivas? Minhas ações me trouxeram paz e equilíbrio refletindo o mesmo para as pessoas envolvidas na situação?”
Comece o dia dizendo Sim para sua vida, Sim para os seus sonhos, Sim para as possíveis mudanças que o transformarão; comece o seu dia ao seu lado e busque quantas vezes for necessário o seu médico interior, o seu Eu superior, o seu curandeiro interno, enfim não importa o nome ao qual o chame, desde que o chame.
1/nov/2018